Nelson Tucci
Até o primeiro semestre do ano passado, o setor
automotivo respondia por 22% do PIB industrial e por 4% do PIB total no país.
Vivendo um ano de pandemia, empresários do setor descarregavam as fichas e
esperanças na recuperação do mercado agora em 2021. Mas não é bem isso o que
acontece. A economia brasileira continua fraca, o mercado internacional
instável (faltam contêineres; o frete marítimo está mais caro por conta do
acidente no canal de Suez, em março último; há atrasos em fretes aéreos, entre
outros problemas) e os benditos semicondutores representam uma espécie de um
“new Davi” aplicando rasteiras em “Golias”. É uma conjunção de fatores que nos
fazem entender, de vez, o que significa Mercúrio retrógrado no céu astrológico.
Por conta disso tudo, nem a organizada Anfavea
(associação das montadoras) se permite cravar projeções firmes para o final do
ano. Saindo pela tangente, criou dois cenários: o primeiro é produzir 2,46
milhões de veículos neste ano se conseguir entregar 190 mil unidades/mês
durante este trimestre. No segundo, ficaria em 2,2 milhões se obtiver a média
de 160 mil/mês neste último período do ano. Não conseguir manifestar a
tradicional certeza de quem sempre embaralha o monte e dá as cartas do jogo
parece incomodar Luiz Carlos Moraes, o presidente da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores.
DISTRIBUIÇÃO – Em setembro a retração na venda de usados (considerando todos os segmentos) foi de 8,30% quando comparada com o mês anterior, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Já tendo como base setembro deste ano contra o mesmo mês de 2020, a encolha é de 5,18%.
Na opinião de Alarico Assumpção Jr., presidente da
entidade, “houve um pequeno arrefecimento em setembro”. Se considerarmos o
acumulado dos nove primeiros meses do ano, contra igual período de 2020, haverá
crescimento de 39,2%. Neste caso cabe lembrar que no início da pandemia (marco,
abril e maio) houve praticamente o fechamento total das fábricas brasileiras,
além das idas e vindas de diferentes montadoras no restante do ano passado.
IMPORTADORES – Para João Henrique Oliveira, presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), os dados objetivos apontam uma sobrevida à crise dos semicondutores para além do primeiro semestre de 22.
Em coletiva de imprensa, ele mostrou que setembro
(licenciamento de 6.149 unidades) registrou queda de 12,2% no conjunto de suas
11 marcas associadas, comparado com o mês anterior. Já setembro deste contra o
mesmo mês do ano passado aponta aumento de 0,4%.
SEM PARAR – O sistema denominado Sem Parar festeja a marca de 6 milhões de clientes, ao anunciar deter 80% de market share neste setor. Já com 20 ano de atuação no país, a empresa do grupo Fleetcor tem convênios não só em estradas/pedágios mas também em estacionamentos, drive thrus e postos de combustíveis por várias cidades do país.
PEDÁGIO – Apresentado extraoficialmente em agosto pelos
governos estadual e federal, o novo modelo de concessão das rodovias do Paraná
promete diminuir os valores das tarifas de pedágio e apresenta mudanças no
formato de disputa pelos lotes. Esta é uma oportunidade para o setor de
transporte rodoviário de cargas (TRC), uma vez que os projetos prometem uma
série de obras e melhorias. O novo modelo prevê 15 novas praças de pedágio,
sendo 42 no total.
Segundo a 23ª Pesquisa CNT de Rodovias, realizada
pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2019, 52,2% da malha
rodoviária do Paraná apresentam algum tipo de deficiência, sendo classificadas
como regulares, ruins ou péssimas. Os demais 43,9% foram avaliados como ótimos
ou bons. Vale ressaltar que o estudo considera as condições do pavimento, da
sinalização e da geometria das vias. Ainda de acordo com a Confederação, as
inadequações do pavimento na região Sul abarcam na elevação do custo operacional
do transporte, em torno de 28,6%.
Empresários do segmento reforçam a necessidade de
uma concessão de rodovias que apresentem obras de infraestrutura eficazes.
Eduardo Ghelere, diretor executivo da Ghelere Transportes, situada em Cascavel,
no Oeste paranaense, e há 40 anos no mercado, destaca essa importância:
“Certamente precisamos de uma concessão das rodovias para que as obras de
infraestrutura sejam feitas, afinal, emplacamos milhares de veículos todos os
anos, e a estrutura precisa aumentar para garantir o fluxo de todas essas
mercadorias e pessoas com segurança”.
PREÇOS – Com a demanda dos veículos usados em alta, os preços também subiram. De acordo com a plataforma InstaCarro, há modelos até 33% mais valorizados.
"Para se ter uma ideia, a relação entre a
venda de carros usados e novos está no ponto mais alto de toda a série
histórica realizada desde 2004 pelo Bradesco. Para cada automóvel zero vendido
no ano, foram comercializados 6,5 usados", conta o CEO Luca Cafici. Em
setembro, a plataforma, que apura mensalmente as maiores valorizações em
relação à tabela FIPE dos veículos negociados por ela, identificou o Hyundai
Tucson 2018 com uma valorização de 33,5%, despontando como primeiro lugar em um
ranking de 10. O Chevrolet Tracker 2021 valorizou 12,88%, ocupando a segunda
colocação, seguido do Mitsubish L200 Triton 2018, com 10,3%.
MOTOR 1.0 TURBO – Vamos fazer justiça.
Desde os primeiros veículos de motorização 1.0, no século passado, a Fiat saiu
na frente. Por isso há bons motivos para o otimismo com o Fiat Pulse, SUV com
um motor tipo “Turbo 200 Flex”, gerando 130 cv de potência máxima (abastecido
com etanol, ou 125 cv com gasolina). Este é o motor 1.0 turbo mais potente de
sua categoria no Brasil. A performance se estende também para o torque máximo,
que atinge 20,4 kgfm a 1.750 rpm tanto com etanol quanto com gasolina.
Esses números são possíveis graças a itens como o
uso do turbocompressor com wastegate eletrônica, da injeção direta de
combustível e do exclusivo sistema MultiAir III, que possibilita um controle
mais flexível e eficiente das válvulas de admissão. As tecnologias são as
mesmas do premiado motor Turbo 270 Flex, que equipa a Nova Fiat Toro.
REPOSIÇÃO – As fusões e aquisições devem aumentar e, em função
do esgotamento dos mercados, novos players deverão surgir. Empresas sólidas
também poderão se consolidar ainda mais. Com a postergação de compra de carros
novos, a manutenção será estimulada. Esta é a visão de Marcelo Gabriel, diretor
de desenvolvimento de negócios internacionais da LA4B – América Latina para
Negócios, consultoria especializada em aftermarket
automotivo, expressa durante o “Abra Talks”, evento virtual da Associação
Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais
(Abrafiltros), realizado em setembro, quando abordou o tema “Reposição
automotiva: planejando a demanda no pós-pandemia”.
O empresário observou alguns efeitos negativos e
positivos da pandemia. Ele acredita que o trabalho remoto vai continuar, por
isso a quilometragem média rodada pelos veículos por ano deve diminuir. Por
outro lado, a compra de carros novos deverá ser postergada, aumentando a idade
média dos carros e a manutenção. Além da falta de peças, os veículos novos
estão caros, pontuou.
BILHETERIAS – A digitalização dos meios de pagamento no transporte público de São Paulo tem mais um importante passo em sua consolidação. A Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo (STM) acaba de apresentar um plano de substituição das bilheterias tradicionais que se iniciou dia 8 (sexta-feira última) com duas estações: Belém, na Linha 3-Vermelha do Metrô e Granja Julieta, na Linha 9-Esmeralda da CPTM.
A expectativa é que todas as demais bilheterias
tenham as atividades encerradas até o final de 2021. A redução de custos
operacionais pode chegar a R$ 100 milhões anuais. Todos os funcionários das
bilheterias serão direcionados para outras atribuições dentro das estações da CPTM
e do Metrô.
O cidadão pode comprar o bilhete para ingresso no
transporte pelo aplicativo TOP, pelo WhatsApp com pagamento por PIX, nas
máquinas de autoatendimento dentro das estações e em estabelecimentos
comerciais no entorno das estações. Os bilhetes BOM e BU (Bilhete Único)
continuam funcionando normalmente e quem tiver adquirido os antigos bilhetes de
papel) também poderá utilizar normalmente nas catracas.
TOP nas redes sociais em www.facebook.com/boradetop, www.instagram.com/boradetop/,
www.twitter.com/boradetop ou baixe
o aplicativo no Google Play e Apple Store.
PLATAFORMAS – A OLX, plataforma de compra e venda online de automóveis, anunciará nas próximas semanas o lançamento do Data OLX Autos, uma solução de inteligência da empresa focada na análise de dados do setor automotivo nacional. Com uma base de 22,8 milhões de usuários que navegam na plataforma mensalmente, economistas vão avaliar e antecipar os principais movimentos do mercado automotivo do país, embasando as melhores tomadas de decisão de negócio e disponibilizando diagnósticos precisos, e em tempo real, do que acontece no setor.
Além da ampla base de dados gerada pela plataforma,
as análises vão incorporar dados macroeconômicos para a construção de cenários
futuros e informações exclusivas de parceiros do setor, com o objetivo de
prever tendências e oferecer um panorama acurado do ecossistema automotivo.
ARAMIDA – A mudança das luvas de couro por luvas de aramida quadruplicou a durabilidade dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), aumentou a segurança dos trabalhadores e reduziu os custos em 68% no setor de troca de lâminas da fábrica da Michelin em Itatiaia/ RJ.
A decisão fez parte de um estudo de segurança do
trabalho feito pela Michelin, uma das líderes mundiais na fabricação e
comercialização de pneus. "Um dos principais problemas detectados é que,
para a execução do serviço de troca de lâminas, era necessária a substituição
da luva para um segundo modelo", afirma César Barbosa, chefe de Segurança
Patrimonial e Incêndio da Michelin em Itatiaia.
Com a decisão, a multinacional também conseguiu
economizar no custo-benefício. Cálculos da empresa apontaram que o custo anual
com consumo da luva antiga era de R$ 9.554,15, ante estimativa de R$ 3.096,60
das luvas de aramida. “Tudo isso com maior segurança e conforto para o
trabalhador”, garante a companhia.
MOTOS – A BMW Motorrad comemorou em 1º de outubro o marco
de 80 mil unidades produzidas no Brasil. O número foi alcançado com a
superesportiva BMW S 1000 RR. Com capacidade de produção de 15 mil unidades por
ano, a fábrica de Manaus/AM é a única da BMW Motorrad 100% dedicada a
motocicletas fora da Alemanha.
Atualmente, são feitos oito modelos na planta: G
310 GS, G 310 R, F 750 GS, F 850 GS, F 850 GS Adventure, S 1000 RR, R 1250 GS e
R 1250 GS Adventure. "É um grande orgulho saber que há 80 mil motos BMW
Motorrad fabricadas no Brasil. O marco histórico é mais uma prova que nossos
clientes aqui no Brasil percebem, nos modelos que aqui produzimos, além do alto
nível de qualidade, a paixão e o entusiasmo que empregamos nos processos da
nossa fábrica. O comprometimento da nossa equipe com a excelência de fabricação
e o nosso foco no cliente são dois dos pilares que fazem a fábrica do BMW Group
ser referência para a produção de motocicletas em um segmento tão
concorrido", afirma Jefferson Dias, diretor geral da fábrica de
motocicletas do BMW Group em Manaus.
MKT – A Volkswagen anuncia Livia Kinoshita como nova gerente executiva de Marketing da Volkswagen do Brasil e Região SAM. Ela se reportará a Roger Corassa, VP de Vendas e Marketing da Volkswagen do Brasil e a Thomas Owsianski, presidente e CEO da Volkswagen Argentina e VP de Vendas e Marketing da Região SAM.
A executiva atua há 18 anos no setor
automobilístico. Graduada em Publicidade pela PUC-PR e pós-graduada em Gestão
Empresarial, atuou em empresa do setor automotivo e também já teve passagens em
agências de publicidade.
Nelson Tucci é editor de Veículos & Negócios, do Jornal PERSPECTIVA.
Leia também no site www.jornalperspectiva.com.br
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