Nelson Tucci
Entender
o conceito de sustentabilidade pode demorar mais tempo do que se supõe.
Internalizá-lo e colocar em prática é ainda mais complexo – a Volkswagen que o
diga, com o “dieselgate” de 2015. Mas existe sempre a expectativa de uma
“segunda chance” para todos. E esta foi dada à companhia que, agora, faz um
feliz anúncio no Brasil.
A
partir de 1º de setembro a VW do Brasil terá uma diretoria de Sustentabilidade
para trabalhar de forma integrada à diretoria de Assuntos Corporativos e
Relações com a Imprensa. A executiva Priscilla Cortezze vai liderá-la,
reportando-se diretamente ao big boss
Pablo de Si, CEO da VW América Latina.
"Vamos
olhar não apenas os riscos, mas principalmente as oportunidades que temos no
futuro, considerando múltiplos stakeholders
e uma agenda mais ampla de toda a sociedade. Queremos estabelecer uma abordagem
empreendedora e criativa para desenvolver ideias e processos inovadores em
parceria com toda as áreas da empresa. Temos um grande desafio com as metas do
Programa Way to Zero. Em 2050, queremos nos tornar totalmente neutros em CO2
tanto como empresa quanto como fabricante de automóveis", disse Priscilla
Cortezze, diretora de Assuntos Corporativos, Relações com a Imprensa e
Sustentabilidade da Volkswagen e membro do Comitê Executivo na América Latina.
TRANSIÇÃO – Outra empresa do setor que trouxe surpresa, na semana recém-encerrada, foi a General Motors. É que seu presidente da América do Sul, Carlos Zarlenga, decidiu deixar a gigante de automóveis por “novos desafios”. Roberto Martins, diretor financeiro, assume interinamente o cargo.
Steve
Kiefer, presidente da GM Internacional, fez agradecimento de público a
Zarlenga, destacando a sua relevante contribuição para a General Motors,
“construindo uma base sólida para o sucesso sustentável da Chevrolet na América
do Sul”. Carlos Zarlenga é economista formado pela Universidade de Belgrano, na
Argentina, e responsável pela reformulação interna da companhia que originou o
lançamento de nova linha de produtos, entre os quais o Onix.
LANÇAMENTO – A Hyundai
apresentou o Creta Nova Geração 2022. Durante coletiva de imprensa, online, viu-se
que a montadora caprichou em redesenhar o modelo, passando a ideia de
modernidade e robustez, com um grau de sofisticação que até então o mini SUV
dispensava.
Produzido
em Piracicaba/SP, o Novo Creta estará disponível nas versões Comfort, Limited e
Platinum, com motor 1.0l Turbo GDI de 120 cv, e Ultimate, com motor Smartstream
2.0l de 167 cv. Os preços variam entre R$ 107 mil e R$ 147 mil e a pré-venda já
foi aberta.
BUS – O primeiro
ônibus elétrico intermunicipal do país teve seu primeiro trajeto com
passageiros realizado na semana anterior. O percurso ocorreu entre o Jardim
Botânico até a Cidade Industrial de Curitiba (CIC), no Paraná, marcando o
lançamento do projeto em apresentação a jornalistas. A novidade foi idealizada
e executada pela Expresso Princesa dos Campos (EPC), Embarca (plataforma que
conecta clientes, operadores e motoristas), Marcopolo e BYD.
Os
testes operativos vão durar 60 dias e o trajeto oficial será entre as cidades
de Ponta Grossa e Curitiba, com 117 quilômetros de distância. O veículo possui
autonomia de 250 quilômetros e capacidade para 44 passageiros sentados.
De
acordo com os estudos divulgados pela BYD, a introdução do equipamento no setor
pode representar até 70% de economia no custo operacional, diminuindo
aproximadamente 118,7 toneladas de emissão de dióxido de carbono no meio
ambiente por equipamento, equivalente ao plantio de 847 árvores, ou até mesmo a
72 mil quilômetros percorridos por ano pelos ônibus tradicionais. O número
também corresponde a uma viagem por dia de Ponta Grossa a Curitiba contando ida
e volta.
FROTA – A Viação Garcia-Brasil Sul, dona de uma das frotas de ônibus mais novas em operação, anuncia investimentos de R$ 30 milhões na compra de 31 veículos 0 km da Geração 8 da Marcopolo, recém-lançada no mercado. De acordo com a empresa, esses modelos “trazem ganhos expressivos em segurança, tecnologia, conforto e sustentabilidade ambiental”.
Para
as linhas interestaduais, a aquisição engloba 10 modelos Paradiso G8 1800
Double Decker de 56 lugares, sendo 48 poltronas semi leito em couro ecológico
com sete estágios de reclinação, apoio mais largo para as pernas com suporte
regulável na estatura do passageiro e cortinas de separação entre poltronas, e
oito cabines-cama com poltronas que reclinam 180 graus, telas individuais e kit
conforto composto de travesseiro e manta.
Já
as linhas intermunicipais contarão com 12 modelos Paradiso G8 1200 de 42
lugares com poltronas semi leito em couro ecológico e espaço mais amplo para as
pernas com suporte regulável. Para fretamento são nove modelos Viaggio 800 com
câmbio automático e suspensão de ar. Os veículos, com chassi Mercedes-Benz, vão
operar nas linhas da empresa em sete estados (São Paulo, Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Mato Grosso Sul e Minas Gerais) a
partir do final de setembro, sendo que até o final de novembro todos estarão em
circulação.
INCÊNDIO – A fábrica da BMW em Araquari/SC passou a utilizar um veículo elétrico compacto de combate a incêndio, como mais um passo na direção global da empresa em garantir o futuro da mobilidade sustentável. A Unidade de Combate Incêndio Elétrica (UCI Elétrica) foi desenvolvida especialmente para a planta catarinense da marca bávara e é o primeiro modelo com essa configuração fabricado no Brasil.
A
inspiração para o projeto veio da fábrica do BMW Group em Leipzig, na Alemanha,
que possui um modelo similar. A UCI Elétrica serve para o atendimento a
eventuais ocorrências dentro dos prédios produtivos de carroceria, pintura, montagem
e logística e se destaca por ser compacto e acessível às áreas internas da
planta de Araquari, o que lhe confere maior rapidez e eficiência de uso.
A
UCI Elétrica, um caminhão, foi desenvolvida, produzida e customizada pela
fabricante de modelos elétricos de carga Hitech, de Curitiba/PR, e a Mitren, de
Porto Alegre/RS, esta última especializada na fabricação de veículos de combate
a incêndio. Os bombeiros do BMW Group Brasil asseguraram que todas as
necessidades técnicas da planta catarinense fossem atendidas. A UCI Elétrica
conta com dois cilindros de pressão com 150bar, além de extintor de incêndio
com capacidade para 500 litros de água. Essa configuração possibilita uma vazão
d’água de 50 litros por minuto, com alcance do jato de 13 metros. A unidade é
livre de emissões sonora e de gases e está totalmente equipada e preparada para
responder a vários tipos de emergência como capturas de animais, vazamentos de
produtos perigosos, pré-atendimento médico e incêndios.
RECALL – O BMW Group convoca os proprietários dos veículos séries 1, 2, 3, 4, 5 e 6 (incluindo suas versões esportivas M), e os X1, X3, X4, X5 e X6, fabricados entre junho de 2004 e dezembro de 2016, a procurarem uma concessionária autorizada da marca e agendar, gratuitamente, a substituição do airbag do condutor e/ou do passageiro dianteiro. As bolsas infláveis foram produzidas pela fornecedora automotiva Takata. São 51.873 unidades envolvidas no recall, entre elas alguns modelos de importação independente. Os serviços poderão ser agendados de imediato e a substituição gratuita do airbag do condutor levará cerca de 30 minutos, enquanto a do airbag do passageiro dianteiro, cerca de três horas.
Foi
constatado que o gerador de gás dessa proteção do condutor e/ou do passageiro
dianteiro pode funcionar de forma inadequada, caso tenha sido exposta a
condições de alta umidade do ar e a grandes variações de temperatura, por longos
períodos. Na hipótese de acionamento do airbag em caso de acidentes com colisão
frontal, poderá ocorrer aumento da pressão interna do gerador de gás, não se
descartando a possibilidade de projeção de fragmentos metálicos que podem gerar
acidentes fatais ou que resultem em danos físicos e/ou materiais aos ocupantes
do veículo.
Para
verificar se a sua unidade está dentro do sequenciamento de chassis, ou para
mais informações, acesse www.bmw.com.br ou
entre em contato com o Serviço de Atendimento ao Cliente BMW, exclusivo para
recall 0800 019 7097.
PORTO – A Santos
Brasil, empresa de operações portuárias e logísticas, recebeu a comitiva do
evento Santos Export para uma visita às obras de ampliação e modernização do
Tecon Santos, dia 23 último.
Iniciada
em 2019, essa primeira fase do projeto incluiu a ampliação do cais do terminal
em 220 metros, totalizando 1.510 metros; o aprofundamento do cais e reforço de
estrutura para a instalação de trilhos para novos portêineres de última
geração, ao longo de 1.090 metros (dos berços 1 e 2 do Tecon Santos e do
Terminal de Veículos, o TEV); e o aumento da profundidade máxima do cais para
16 metros.
Com
a finalização dessas obras, o Tecon Santos será o único terminal da América do
Sul com capacidade de receber simultaneamente até três navios New Panamax, de
366 m, possibilitando o atendimento de maneira eficiente da demanda prevista
para o porto, com a chegada dessa nova categoria de embarcação, incrementando o
nível de serviço e a experiência dos usuários do terminal. A ampliação e
modernização do Tecon Santos contou até agora com investimentos de aproximadamente
R$ 350 milhões e esse valor deve chegar a R$ 550 milhões até o fim de 2021.
ROTAS – Prestes a completar um ano desde a sua inauguração, o projeto inédito do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, o Rotas Rodoviárias ou LTL (Less Than Truckload) mostra-se um sucesso. Em destaque, a rota de conexão entre o aeroporto e os terminais de São Paulo, que aumenta a conectividade internacional, uma vez que permite ao importador a utilização da extensa malha aérea de Guarulhos e Viracopos e, posteriormente, receber a carga em Minas Gerais. Com isso, é possível colher os benefícios fiscais da nacionalização no estado, quando aplicáveis, bem como reduzir os custos aeroportuários por meio das tabelas especiais de armazenagem para carga em conexão aeroporto x aeroporto, e também no transporte através da consolidação de cargas características do modelo LTL.
Somente
de outubro de 2020 até agosto, nesta rota com os terminais paulistas foram
transportadas cerca de 380 toneladas de produtos. Ao todo, já são quase 180
clientes, com mais de R$ 190 milhões em mercadorias transportadas. “Muitos são
os desafios logísticos enfrentados pelos empreendedores para a movimentação de
mercadorias, sobretudo internacionais. Pensando nisso, o aeroporto lançou o
projeto em outubro do ano passado com o intuito de conectar as zonas primárias
do sudeste brasileiro, como portos e aeroportos, com indústrias, comércios e
importadores mineiros. A partir do rotas rodoviárias, conseguimos oferecer uma
redução de até 60% no custo do transporte de cargas, o que elevou a
competitividade das empresas, com a melhoria contínua da cadeia logística”,
avalia Caroline Reis, coordenadora de Novos Negócios da BH Airport.
O
projeto rotas rodoviárias conta, atualmente, com seis rotas estratégicas, sendo
três delas já em operação. Duas rotas são de atração de novos clientes e suprem
o aeroporto com cargas vindas dos aeroportos de São Paulo (Viracopos e
Guarulhos) para serem desembaraçadas no Terminal de Cargas do aeroporto de BH.
A terceira rota tem função de escoamento, ou seja, de entrega de mercadorias
para os clientes de Belo Horizonte e região metropolitana, considerando um raio
de 150 quilômetros do terminal, serviço chamado de door delivery.
PREMIAÇÃO – A NGK,
multinacional japonesa de velas de ignição, foi novamente reconhecida na
premiação global da General Motors. A companhia recebeu a mais alta pontuação –
total de nove estrelas – no Supplier
Quality Excellence Award 2020, concedido pela montadora aos melhores
fornecedores.
Em
cerimônia virtual, a NGK foi premiada na categoria Reconhecimentos Especiais
pelo alto desempenho de suas velas de ignição, sendo a única empresa do Brasil
a receber, pela nona vez consecutiva, o prêmio da GM.
BARCOS – As vendas externas de barcos e iates fabricados no Brasil devem repetir o bom desempenho do ano passado e crescer dois dígitos em 2021. De acordo com a Associação Brasileira de Construtores de Barcos e Implementos (Acobar) as exportações do produto nacional cresceram 10% em 2020 em comparação ao período anterior. O mercado brasileiro de barcos cresceu 20% em 2020 em relação a 2019, ainda de acordo com a entidade. A expectativa é de que as vendas continuem em alta ao longo de 2021.
Eduardo
Colunna, presidente da Acobar, estima que as vendas externas cresçam pelo menos
mais 10% até o final deste ano. “O índice poderia ser maior, porém, o desafio é
o fornecimento de motores e equipamentos para atender a demanda”, explica ele.
ARTIGO
Crise
energética: é hora de falar sobre os carros elétricos?
Por
Rodrigo Aguiar (*)
Falar
em veículos elétricos em meio à crise energética que o Brasil enfrenta pode
parecer um paradoxo. A primeira pergunta é: como podemos, em meio a tudo isso,
pensar na troca de veículos a combustão por elétricos? A resposta não é
simples, mas pode ser resumida em uma única palavra: planejamento. Vale dizer
que o impacto dos veículos elétricos no consumo nacional é muito pequeno e os
dados não me deixam mentir. De acordo com estudos realizados pela Anfavea, em
2035 teremos 62% dos veículos brasileiros elétricos, e que consumirão apenas
1,5% do volume nacional de energia.
Isso
significa que os carros elétricos não são um problema para o sistema energético
brasileiro. Acontece que, como especialista na área, afirmo que ao menos 15% de
toda a energia elétrica consumida no país é desperdiçada (seja em equipamentos
obsoletos, seja em processos produtivos equivocados). Isso representa a cada
ano, dez vezes mais do que os veículos elétricos vão consumir. E o Plano
Nacional de Eficiência Energética (PNEf) continua andando devagar, o que faz o
Brasil andar na contramão do resto do mundo.
O
cenário atual é que os países industrializados e, portanto, as montadoras
globais, já definiram a data que cada uma fará esta transição e o fato é que o
Brasil não pode transformar essa oportunidade em uma grande derrota, pois neste
momento estas oportunidades de mercado são infinitas. O outro ponto é que se
não nos alinharmos com o pensamento mundial, as montadoras irão embora do país
e a grande indústria de autopeças ligada a ela, vai falir!
O
problema pode começar a ser resolvido com atuação em duas frentes. Por um lado,
temos que melhorar tudo o que está ligado aos biocombustíveis e, em paralelo,
montar um plano consistente e estruturado para os veículos elétricos no país.
Com as grandes reservas que temos de lítio, manganês, níquel e grafite, temos
que realizar acordos com os grandes centros mundiais de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) e assim estarmos juntos na evolução das baterias para
estes veículos elétricos. Pensarmos em não exportar commodities e sim produto
industrializado, com maior valor agregado.
E
aqui voltamos na parte de planejamento. Todo esse trajeto não será percorrido
do dia para a noite. Para fazer as coisas direito, temos que nos reunir,
pensar, trabalhar e é para ontem. A produção automobilística não está nas
nossas mãos, então é hora de olharmos para o mercado e entendermos como podemos
entrar bem neste mercado.
Não
há motivos para ter receio ao incentivar o uso de carros elétricos, pois
reforço que eles representam baixíssimo consumo dentro da nossa matriz
energética e com uma vantagem enorme de economia para o bolso do consumidor
pelo custo do quilômetro rodado. Aliás, a grande diferença entre a crise
energética atual e a ocorrida no governo Dilma, é que naquela época, apesar da
enorme redução da capacidade hídrica dos reservatórios das usinas
hidrelétricas, não havia outras fontes de geração de energia como agora.
O
grande aumento da geração renovável (principalmente eólica e fotovoltaica),
além da inserção das termelétricas, permite um "conforto" com relação
a possíveis apagões. Porém, o preço a se pagar é uma tarifa absurdamente alta.
Por isso, é preciso atuar na redução do consumo voluntário de energia e redução
do desperdício por meio de programas fortes de curto, médio e longo prazo ou
até criar imediatamente os leilões de eficiência energética.
Além
disso, é fundamental montar os alicerces para a vinda dos veículos elétricos,
aumentar o número de eletropostos, reduzir a carga tributária (principalmente
federal) e criar um plano estruturado e duradouro. Não é loucura, a crise
energética é o melhor momento para pensarmos e trazermos os holofotes para os
veículos elétricos!
(*) Rodrigo
Aguiar é sócio-fundador da Elev, possui mais de 25 anos na área de eficiência energética
e implantou mais de 1.500 projetos no país nos setores industrial, comercial,
serviços e público.
Nelson Tucci é editor de Veículos & Negócios, do Jornal PERSPECTIVA.
Leia também no site www.jornalperspectiva.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário