segunda-feira, 11 de maio de 2020

A indústria no chão


Divulgação           Vendas de carros e veículos leves despencaram 76%

Nelson Tucci

Com a indústria automotiva parada em sua quase totalidade, abril mostrou um dos efeitos perversos da pandemia do novo coronavírus no Brasil: recuo de 99% na produção no último mês, com apenas 1.800 novas unidades. E neste setor que já foi chamado de “carro-chefe” da economia nacional, atualmente responsável por mais de 20% do PIB e empregando 125 mil trabalhadores diretos, é muita coisa!
Em razão deste pé no freio, nos âmbitos local e internacional, as vendas de carros e veículos leves despencaram 76% (comparando-se abril de 2020 com igual período de 2019); e a exportação, que já era esquálida, caiu 79,3% – até porque Argentina, Chile e Colômbia estão igualmente parados. Os números apresentados referem-se a carros e veículos leves e são da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), cujo presidente Luiz Carlos Moraes fez uma bem organizada live na última sexta-feira, 8, para a imprensa especializada.
Caminhões, por sua vez, caíram 95,7% quando comparada a produção de abril/20 com a de abril/19 e a exportação destes foi de 80,3% negativos. Máquinas agrícolas também tiveram recuo na produção, de 60,3% (comparado abril de 2020 com igual período de 2019), e exportações foram de 62,1% a menor. No mercado interno a queda foi de 24%.

AGRO – A retomada setorial vai ser lenta, como de resto a economia do país, prevê o executivo Luiz Carlos Moraes. Daí a Anfavea ir ao governo e tentar novos créditos para (re) turbinar os negócios. Enquanto se negociam novos créditos, o VP da entidade, Alfredo Miguel, aposta na força do agronegócio que este ano terá uma nova safra recorde: 250 milhões de toneladas de soja. Com tantos grãos para colher e escoar haverá novas aquisições de máquinas agrícolas e rodoviárias.
Quem tem mais de 50 anos talvez nunca arriscasse a visão deste quadro: dirigentes das montadoras, hoje à frente da Anfavea, elogiando os sindicatos de trabalhadores metalúrgicos, que nos anos 80 do século passado incendiaram o ABC, com greves, passeatas e manifestações. Neste início de maio, 95 mil trabalhadores (do total de 125 mil) ainda estão com os contratos suspensos ou com jornada reduzida – devidamente negociados. Os estoques, nos atuais níveis de giro, ainda podem durar quatro meses.
Já em relação aos usados, a situação não é diferente: recuo de 78% nas vendas de abril sobre o mês anterior. Quem leu a seção Veículos & Negócios no Jornal Perspectiva de abril, em www.jornalperspectiva.com.br/veiculos-e-negocios/em-ponto-morto, viu que a mesa dos economistas e das cartomantes estão forradas de demandas. Ainda não dá para saber quando a roda voltará a girar e a economia conseguirá passar a 2ª marcha, depois a 3ª e a 4ª... O fato é que existem conversas e que a luta continua para todos os companheiros.

PÓS-PANDEMIA – A Tecnobank convidou o cientista político e diretor da Vector Análise, Leonardo Barreto, para mediar um bate-papo entre o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Hilgo Gonçalves; o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção Júnior; o vice-presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Enilson Espínola Souza; e o vice-presidente da Tecnobank, Luís Otávio Matias.
Eles tratarão das seguintes questões: o que será deste mercado depois da crise? Como retomar as vendas? O que está sendo transformado para sempre? Como se destacar para sobreviver? Quais as principais mudanças no comportamento do consumidor que devem perdurar?
O evento, on-line, acontecerá nesta quarta-feira, 13, às 14h30, com o nome "Depois da crise: a recuperação da venda de veículos no Brasil". A live poderá ser acompanhada no link https://bit.ly/livetbtalks

Divulgação               120 máscaras por dia para não gerar tumulto...

MÁSCARAS – A Kovi, start up de aluguel de carros para motoristas de apps no Brasil, distribuirá máscaras para os motoristas de sua base que decidiram continuar buscando corridas nas ruas, em etapas: 120 máscaras por dia para não gerar tumulto, enquanto durar a demanda.
"Apesar de já ser uma prática recomendada pela Kovi aos seus motoristas desde os primeiros casos de coronavírus no Brasil, agora iremos promover a distribuição gratuita das máscaras, já que se torna obrigatório por lei", diz Adhemar Milani Neto, CEO da empresa.
Com queda no transporte de passageiros estimada em 80% (SindmaapDF) por conta do isolamento social, a categoria de motoristas de aplicativos se sustenta justamente graças às movimentações e ao caixa das empresas focadas nesse público. A Kovi diz que procura incentivar os motoristas a manter os carros alugados, "com descontos agressivos por km rodado e incentiva a sua base a migrar para serviços de entregas, principalmente de supermercados – demanda que tem crescido exponencialmente na pandemia”.

FROTAS – O tempo médio no qual as locadoras permanecem com os veículos seminovos em suas frotas vai aumentar de 14,9 meses (registrado ao final de 2019), para 18 a 20 meses no fim de 2020. A avaliação é da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), após as restrições ao contato pessoal em virtude da pandemia do coronavírus.
Este novo cenário é de menos aquisições para renovação da frota, também em função da menor oferta das montadoras, que interromperam sua produção em virtude das medidas de isolamento social, sem contar que, paralelamente, a demanda pela locação de veículos também caiu. "O cenário mais desafiador é aquele referente aos motoristas de aplicativos, cujas devoluções de veículos já superam a marca de 80%", avalia o presidente da ABLA, Paulo Miguel Junior.
Conforme o mais recente censo do setor de aluguel de veículos, organizado pela ABLA e com informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), ao final de 2019 o Brasil contava com 10.812 empresas de locação de veículos. Juntas, essas empresas mantêm 75.104 empregos diretos no país.

Divulgação      São 40 colaboradores da Hyundai no esforço concentrado

FORÇA – Para auxiliar o combate à pandemia da Covid-19, a Hyundai Motor Brasil (HMB) começa a reparar respiradores mecânicos em sua fábrica, em Piracicaba/SP. Para lá foram levados os primeiros 10 aparelhos com defeito, coletados de hospitais das cidades paulistas de São Paulo, Tanabi, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Francisco Morato e Botucatu. Nos próximos dias, deverão chegar mais duas unidades de Piracicaba para reparo.
A ação, de abrangência nacional, é organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que reuniu uma rede de mais de 16 empresas voluntárias para realizar a manutenção de respiradores mecânicos que estão fora de uso, com o objetivo de aumentar os recursos para o tratamento de pacientes neste momento de pandemia. A maioria dos equipamentos vem de hospitais vinculados ao Sistema Único de Saúde.
Na Hyundai, 40 funcionários das áreas de produção, manutenção, administração, compras e finanças estão envolvidos na ação solidária. Dezoito deles, entre eletricistas, mecatrônicos, engenheiros de manutenção e técnicos de Segurança e Saúde, foram capacitados de forma on-line pelo Senai Cimatec, da Bahia, que está disseminando os protocolos de boas práticas para a manutenção dos respiradores e criou um canal permanente para esclarecimento de dúvidas e orientações.

Divulgação   Taubaté produz o Gol desde 1980: 5 milhões de unidades vendidas

GOL – A primeira coisa que vem à sua cabeça quando você pensa na unidade da Volkswagen em Taubaté/SP pode ser o Gol. Certo? Pois não é que neste ano o carro que já foi um dos mais queridos dos brasileiros comemora 40 anos e a montadora alemã relembra, com satisfação, o feito.
Localizada no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, a fábrica de Taubaté iniciou as atividades em 1976 com a produção de peças para a Kombi e o Fusca. Dois anos depois, a planta começou oficialmente a produção de veículos com a montagem em série do Passat e já contava com cerca de 1.600 empregados. Em 1980 Taubaté abriu caminho para uma nova fase no setor automotivo com o início da produção da primeira geração do Gol, construído com motor 1.3 litro.
Projetado e desenvolvido no Brasil, o Gol foi elaborado levando em conta as condições de uso no país, juntamente com as necessidades e aspirações dos consumidores nacionais, enfatizando resistência, economia e durabilidade. A primeira versão tinha motor refrigerado a ar e câmbio com quatro marchas. Com carroceria tipo hatch e perfil aerodinâmico, era oferecido nas versões S e L, ambas com duas portas. Em 1981, o Gol ganhou um motor mais potente, com 1,6 litro, também refrigerado a ar, e só em 1984 chegou ao mercado o primeiro Gol GT, com motorização 1,8 litro. O primeiro marco de 1.000.000 unidades produzidas em Taubaté aconteceu em 1990 e em 2003 surge o modelo GOL TotalFlex, primeiro carro com esse motor no Brasil. Ele é também o veículo nacional que permaneceu por mais tempo como líder de vendas do Brasil: 27 anos consecutivos.

CARGAS – A AT&M Tecnologia, empresa que detém mais de 90% do mercado de seguros de transporte de cargas, com 26 mil transportadoras e embarcadores em carteira, registrou em abril R$ 430 bilhões em movimentação de cargas em todo o país. O número representa queda de 23% em relação ao mês anterior. Na comparação anual, em relação a abril de 2019, a queda da movimentação de cargas foi de 10% quando foram contabilizados R$ 480 bilhões.
Vagner Toledo, sócio da empresa, explica que a segunda quinzena de abril, apesar da pandemia, obteve desempenho mais positivo na comparação com a primeira quinzena do mês, baseado nas movimentações diárias acompanhadas pela empresa: “Apesar de termos identificado um aumento significativo nas vendas com base nos CTes (Conhecimento de Transporte Eletrônico) transportados, o valor médio agregado caiu, tendência já identificada na primeira quinzena do mês."
Ele ressalta ainda que o crescimento nas vendas pelo e-commerce colabora para explicar o aumento do volume de vendas, porém com queda do valor agregado: “Isso indica uma alteração no comportamento do consumidor que passou a comprar bens de menor valor agregado, que normalmente compraria de forma presencial, por meio eletrônico”.

Nelson Tucci é editor de Veículos & Negócios, do Jornal PERSPECTIVA.
Leia também no site www.jornalperspectiva.com.br

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