Nelson Tucci
A Ford do Brasil aceitou suspender as demissões nas unidades de Taubaté/SP e Camaçari/BA, após audiência de conciliação na Justiça do Trabalho. Com o acordo, as atividades estarão sendo retomadas nesta segunda-feira, 22.
Foi
estipulado um prazo de 90 dias para negociações entre montadora e trabalhadores
e até lá a produção será retomada e os salários e demais benefícios mantidos
pela empresa.
Espera-se
que as negociações envolvam também a matriz, nos Estados Unidos. Lembrando que
o anúncio do fechamento das fábricas da Ford no Brasil ocorreu em 11 de janeiro.
A montadora afirmou que concentraria sua produção sulamericana na Argentina e
Uruguai, mantendo o escritório regional no Brasil. De acordo com o Dieese, o
impacto da decisão da Ford representa a perda de 119 postos de trabalho.
CROSS – Em março a Toyota fará o lançamento do Corolla Cross, o primeiro SUV da marca produzido no país. Segundo a montadora japonesa, foi investido R$ 1 bilhão na fábrica de Sorocaba/SP para produção do modelo.
URBANO – A Mercedes convidou a imprensa especializada para o lançamento, online, do GLA 200 AMG Line, seu SUV urbano. Evento será na terça-feira, 23.
SUCESSÃO – O Grupo Trambusti, pioneiro e líder no desenvolvimento de soluções termoacústicas, garante o nível de investimentos e empregos (1.500 diretos, em suas unidades de Diadema, Sorocaba e Porto Feliz, no interior de São Paulo, e de Betim, em MG) para 2021. No último dia 13 morreu o fundador da Formtap e consolidador do grupo, Fausto Trambusti, mas o atual CEO, Carlos Munhoz, assegura a continuidade e o comando dos negócios, uma vez que o Conselho já o tinha empossado, há quatro anos, como CEO.
“Vamos
rodar as linhas e permitir a criação de novos produtos e, para tanto, os
investimentos precisam são constantes”, diz Munhoz, ao acrescentar: “Este,
aliás, é um dos legados do fundador, o sr. Fausto, que sempre acreditou no
potencial de mercado e naquilo que produzimos, alinhados à inovação e
sustentabilidade”.
O
faturamento de 2020 ainda está sendo consolidado. Em 2019 o grupo faturou R$
300 milhões com o negócio termoacústico que atende praticamente todas as
montadoras no país. Para este ano o CEO da companhia prevê recuperação, com
crescimento impulsionado por novas tecnologias, processos e produtividade. “O
mundo está em acelerada transformação e a indústria automobilística, com a qual
trabalhamos, é pioneira nisso. Por isso estamos perfeitamente alinhados com as
tendências e nos manteremos atentos ao negócio”, conclui Munhoz, destacando o
mercado de veículos elétricos e a indústria 4.0.
EMISSÕES – O grupo Jaguar Land Rover anunciou planejamento para zerar suas emissões, em toda a cadeia, até 2039. A estratégia, batizada de Reimagine, visa eliminar a pegada de carbono da companhia e seus fornecedores. Os motores a diesel serão extintos e substituídos pelo sistema de propulsão dos veículos elétricos.
Em
se falando de Jaguar... 2.000 cabeças deverão rolar, em todo o mundo, conforme
comunicou a própria empresa ao alegar “necessidade de cortes” para torná-la
“mais ágil”. Espera-se que as unidades do Reino Unido sejam as mais atingidas.
REPOSIÇÃO – A Motorservice, divisão da Rheinmetall Automotive para o mercado de reposição, lança novos componentes no mercado: bombas d’água mecânica, radiadores de óleo e transdutor de pressão, além de arruelas de encosto para veículos de várias marcas.
A
Pierburg oferece bombas de água para os veículos Audi A3, de vários anos de
fabricação e A3 Sportback, de 2004 a 2013; Volkswagen Passat, de 2005 a 2010 e
Passat Variant, de 1997 a 2000. Os radiadores de óleo da Pierburg são dirigidos
aos veículos Audi 80 (1993 a 1994), A4 (1994 a 2000), A4 Avant (1995 a 2001),
A6 e A6 Avant (1994 a 1997, ambos); Volkswagen Passat (1991 a 1996), Passat
Variant (1991 a 2000), Transporter IV (1990 a 2003), Golf III (1992 a 1997) e
Amarok (a partir de 2010). Já o transdutor de pressão da marca é indicado para
diversas versões da Mercedes-Benz Sprinter e GLK-CLASS 220 CDI 4-matic, de 2008
a 2015.
LOGÍSTICA – Segundo dados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a balança comercial das exportações brasileiras do agronegócio registrou aumento de 4,1% em 2020 em relação a 2019, enquanto as vendas de medicamentos no mercado brasileiro cresceram 10,6% no último ano (levantamento da IQVIA). Já no e-commerce, de acordo com dados da Câmara Brasileira da Economia Digital e Neotrust, o faturamento no Brasil mais que dobrou em 2020, com crescimento de 122% registrado no acumulado do ano.
Assim,
não faltou movimentação de cargas nesses setores. Uma das principais operadoras
logísticas do Brasil, a Luft Logistics mantém forte atuação em setores
considerados estratégicos da economia: agronegócio, saúde, e-commerce e varejo.
“Buscamos estar sempre alguns passos à frente em diferentes aspectos, inclusive
no que diz respeito às tecnologias necessárias para a implementação das
operações logísticas mais ágeis e seguras possíveis”, disse Gustavo Saraiva, da
Luft Logistics.
Nos
últimos anos, o Grupo Luft tem realizado investimentos constantes em suas 30
unidades espalhadas pelo país. Entre estes, destacam-se os programas de
treinamento das equipes, aumento e renovação das frotas próprias de caminhões,
expansão das áreas de armazenagem – inclusive em câmara fria –, além de novas
unidades em diferentes polos agrícolas brasileiros, apostando no Brasil que dá
certo.
PORTO – A Brasil Terminal Portuário (BTP) encerrou 2020 protagonizando um novo recorde de movimentação no porto de Santos. O terminal foi responsável pela operação de 1.160.418 contêineres, sendo a maior movimentação de unidades de contêineres já realizada em um único ano no maior porto do país. O novo índice supera em 2% a última melhor marca já registrada por um terminal.
De
acordo o CEO Ricardo Arten, a marca histórica é motivo de orgulho para a
empresa, “pois reflete o desempenho dos colaboradores e todos os investimentos
já realizados no terminal. Mesmo em meio a tantos desafios que 2020 nos trouxe,
nossos colaboradores seguiram firmes, e em segurança, no propósito de não
deixar o porto parar. Temos como resultado a conquista desta marca histórica,
que reafirma também a importância do porto de Santos para a economia do nosso país”.
Desde
o início de suas operações em Santos, em novembro de 2013, a BTP tem
demonstrado crescimento, não somente em movimentação, mas também em
produtividade. “Mais importante ainda que atingir recordes de movimentação é
mantermos a consistência em nossa performance operacional. E isso inclui
segurança nas operações, infraestrutura de ponta, tecnologia, otimização dos
processos, inovação e excelência no atendimento ao cliente”, afirma o
dirigente.
Entre
os investimentos previstos para este ano, ainda no primeiro semestre, está a
implantação de um moderno e integrado sistema operacional (Opus).
SITE – Explanando a visão de ser líder em satisfação do cliente e inovação e buscando sempre a eficiência e a modernidade em seus serviços, o porto Itapoá utilizou estes conceitos em seu novo site institucional (portoitapoa.com) e no portal do cliente (clientes.portoitapoa.com), que foram remodelados e entraram no ar na última semana. O objetivo da reformulação desses dois ambientes é trazer mais facilidade para os clientes, parceiros e demais públicos de interesse.
O
site e o portal são responsivos e podem ser acessados via celular, pois estão
adequados à nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) referente às boas
práticas e à governança no tratamento de dados pessoais.
O
portal do cliente também está à disposição pelo email atendimento@portoitapoa.com
PROMISSOR – O ano de 2021 já se mostra promissor para o mercado náutico brasileiro. O fabricante de lanchas Triton Yachts, por exemplo, espera bater o recorde de entregas dos últimos cinco anos somente no primeiro trimestre deste ano.
“Conseguirmos
fechar 2020 com saldo positivo devido ao incremento de vendas especialmente no
segundo semestre, o que refletiu no aumento de 40% em faturamento comparado com
o anterior. E isto também gerou reflexos na produção e nas entregas para o
início de 2021”, explica o diretor de marketing Allan Cechellero.
Os
números da produção provocam reflexos em toda cadeia de produtos e serviços
náuticos, especialmente brasileira, uma vez que 80% da matéria-prima utilizada
nas lanchas da marca são nacionais. Em relação ao mercado de trabalho, para
atender à demanda a Triton Yachts precisou ampliar em 20% o quadro de
funcionários nos últimos seis meses.
Entre
os modelos mais procurados da marca estão a Triton 300 Sport, a Triton 370 HT e
a Triton 470 Fly, lanchas com preços que variam de R$ 400 mil a R$ 2,5 milhões.
Para 2021, a marca – produtora de modelos que variam de 23 a 52 pés – pretende
lançar duas novas embarcações, com espaços de convivência.
ARTIGO
Combustíveis renováveis
brasileiros: chave para a mobilidade sustentável.
Por
Camilo Adas (*)
O
Brasil começou sua jornada em busca de combustíveis alternativos em 1975 com a
criação do Programa Nacional do Álcool, em resposta aos altos custos do preço
mundial do petróleo. Naquela época não se percebia o impacto das emissões de
Gases de Efeito Estufa (GEE) para o aquecimento da atmosfera. As motivações se
baseavam em fatores econômicos. Apesar disso, criamos uma base de capital
intelectual para combustíveis renováveis que poucos países possuem.
Recentemente
a expertise nacional foi capaz de desenvolver motores elétricos híbridos a
etanol obtido a partir da cana-de-açúcar, um conceito que traz o benefício da eletrificação
associado à emissão mais balanceada de CO2 no Ciclo do Poço à Roda [1].
Apesar
dessa longa tradição no desenvolvimento de combustíveis renováveis, ocupamos
papel pouco relevante no jogo mundial das novas tecnologias. Até aqui nos
mostramos politicamente incapazes de convencer o mundo dos benefícios da nossa
inventividade. Assistimos curiosos aos avanços internacionais numa atitude de
colonizados. Continuamos olhando para além-mar admirados da genialidade
estrangeira, e longe de assumir alguma relevância no jogo mundial.
Precisamos
continuar evoluindo. Sabemos que o uso de biocombustíveis e óleos vegetais
hidrogenados (HVO) é uma alternativa importante para a propulsão de motores
movidos a óleo diesel. Como o etanol, essa alternativa pode coexistir e ampliar
as opções para atenuar a progressão do aquecimento global. Uma vez equacionados
os desafios para o investimento no beneficiamento industrial de sementes
oleaginosas, é perfeitamente possível utilizar a mesma cadeia de distribuição,
armazenamento e consumo existente hoje. Além disso, o uso da soja como
matéria-prima para a obtenção de óleo traz vantagens econômicas.
A
passividade brasileira se resolve pela articulação entre os diferentes setores
da sociedade. A indústria, a academia, o terceiro setor e o governo precisam
andar juntos para a definição de projetos de múltiplos aspectos estruturais.
Isso se faz com informação e conhecimento. Temos o capital intelectual aqui
mesmo para criar soluções viáveis, sustentáveis e com baixo impacto na
infraestrutura.
Dito
Isto, acredito que a inserção dos combustíveis renováveis brasileiros no debate
mundial é fundamental para a definição de caminhos para a mobilidade
sustentável, a qual é responsabilidade de todos aqueles que querem um futuro
para o planeta. E a SAE Brasil está determinada a assumir o protagonismo nessa
empreitada.
A
camada atmosférica da terra é vital para a manutenção da civilização humana.
Nela estão o nitrogênio, o oxigênio e outros gases que permitem ao nosso
planeta ser o que é. Os GEE absorvem a radiação na frequência do infravermelho,
influenciando na estabilidade da temperatura da atmosfera e no equilíbrio da
vida. Os meios de transporte e seu ciclo energético são relevantes nesse
processo.
Assim,
se admitirmos que o movimento é inerente à vida, é indispensável compreender quais
são os caminhos para a mobilidade sustentável capazes de atenuar cenários mais
dramáticos para o aquecimento global. Felizmente esse debate se intensificou no
mundo todo e vem ganhando corpo no Brasil. Mas em que medida a tecnologia
brasileira pode influenciar no debate mundial?
Para
chegar a essa resposta é preciso antes entender os fenômenos físicos do
aquecimento da atmosfera. Uma análise do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC) sobre a evolução da temperatura média global da superfície
desde 1850, mostra que o aumento da temperatura atmosférica ficou entre 0 e 0,4
⁰C até por volta dos anos 1960. A
partir daí começou a subir bem mais rapidamente, aumentando cerca de 1⁰C nas últimas três décadas.
Na
maioria dos cenários, o IPCC afirma que é muito provável que a temperatura suba
cerca de 1,5⁰C a 2⁰C nos próximos 40 anos em relação à base
pré-industrial, o que leva à certeza da mudança da condição climática atual.
Não se pode afirmar com total certeza em que medida o aquecimento global é
influenciado por fatores ligados à mobilidade. Mas cabe a nós descobrir como
contribuir para cenários mais favoráveis à manutenção da temperatura do
planeta. No Brasil observamos evolução nessa área desde o Programa de Controle
da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), instituído em 1986, que
trouxe ganhos ambientais para as cidades do ponto de vista de poluentes locais
(NOx e Material Particulado - MP) e para os GEE globais no caso do CO2. Mas
precisamos ir além de controlar NOx e MP, calcular o impacto da obtenção e do
uso da energia em toda a cadeia, e saber quanto CO2 é entregue à atmosfera no
processo de geração, distribuição e consumo do combustível. Isso é algo
complexo para rotas ligadas aos combustíveis fósseis e ainda em fase de
conceituação para rotas mistas, em que a energia elétrica é usada como insumo
para a propulsão veicular.
Em
busca de soluções efetivas os países desenvolvidos perceberam a importância de
novas tecnologias de propulsão para reduzir a emissão dos GEE, o que vem
resultando em uma gama de soluções nos diferentes mercados, sendo a
eletrificação a principal tendência. Entre as possibilidades estão os veículos
híbridos com eletrificação leve, os totalmente elétricos que dependem de
baterias recarregáveis, e também elétricos com propulsão a pilha de hidrogênio,
que emergem como importante tendência de desenvolvimento, em especial para
veículos comerciais de grande porte. As indústrias aeronáutica, ferroviária e
naval também investem na busca de alternativas sustentáveis.
As
soluções podem ser tão diversas quanto são as especificidades e necessidades
dos mercados locais e, por isso mesmo, ainda há vários aspectos a serem
avaliados. Entre eles a distribuição de postos de recarga nas grandes cidades,
a adequação à matriz energética, a disponibilidade de matéria-prima nacional
para a produção de baterias em larga escala, e mesmo como será feito o descarte
após o final de sua vida útil. Esse debate ainda não está suficientemente
estruturado no Brasil, mas é hora de inserirmos nosso potencial na agenda
mundial da mobilidade sustentável.
[1]
O Ciclo do Poço à Roda significa medir emissões de CO2 desde a obtenção do
combustível em sua forma bruta, transporte e refino até a combustão nos motores
e escapamento do veículo.
(*) Camilo Adas é presidente da
SAE Brasil.
Nelson Tucci é editor de Veículos & Negócios, do Jornal PERSPECTIVA.
Leia também no site www.jornalperspectiva.com.br
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