Nelson Tucci
Vai
longe o tempo em que no Brasil tínhamos duas montadoras norte-americanas, uma
alemã, uma italiana e uma japonesa (que só fazia utilitários). Com baixa
concorrência, os carros eram caros. Hoje são mais de 20, produzindo localmente
e importando veículos ou partes. Os carros continuam caros, mas as marcas mais
tradicionais estão perdendo mercado – local e exportador. As chinesas, que já
conquistam espaço junto ao consumidor brasileiro agora vão mordendo as fatias
de mercado que o Brasil tinha junto aos vizinhos. E isto incomoda os mais
antigos – e muito.
“Até
2021, o Brasil era o país que mais exportava para os vizinhos. No ano passado a
China tomou a dianteira, com 21,2% de presença, ante 19,4% do Brasil.
Precisamos urgentemente aumentar nossa competitividade para exportar, ou
perderemos ainda mais terreno em nossos principais destinos, não só para a
China, mas para outros países emergentes da Ásia, como Índia, Tailândia e
Indonésia”, alertou Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e executivo da FCA/Stellantis há
20 anos.
Em referência aos orientais, tradicionalmente agressivos nos negócios, Lima Leite comentou em coletiva de imprensa que é preciso retomar o Imposto de Importação de 35% para modelos elétricos e híbridos, que têm a China como principal país fornecedor. Somente neste ano já são mais de 30 mil unidades importadas e rodando em solo nacional.
ANÁLISE – Recentemente,
os analistas do UBS produziram um paper
(fartamente divulgado) mostrando que as montadoras de automóveis ocidentais
estariam na iminência de perder 20% de sua participação no mercado global.
Motivo é o crescimento exponencial dos veículos elétricos chineses, sempre mais
acessíveis e mais baratos de produzir.
Capitaneadas
pela BYD, a marca que acaba de aportar na Bahia, as companhias chinesas
praticamente dobrarão o market share
para 33% até o final desta década. Como se vê, a preocupação da Anfavea não é à
toa.
EMPATE – Com um recuo de 0,4% sobre igual período do ano passado, que tecnicamente pode ser visto como “empate”, a produção de automóveis atingiu 1,542 milhão nos oito primeiros meses desse ano, no país.
Com
o fim do desconto para os autos até 120 mil (foram 207,7 mil unidades
emplacadas em agosto), existiu diminuição de 7,9% de licenciamentos em julho, o
que já era esperado pela indústria.
O
lado bom do balanço da Anfavea de agosto é que as vendas acumuladas do ano
estão em 1,432 milhão de unidades, volume 9,4% superior ao do ano passado.
MAIS MAIS – Os “mais mais” do mês de agosto, em vendas, têm o seguinte placar entre os cinco preferidos do consumidor: FIAT - 45.479 unidades; Chevrolet - 29.639; Volkswagen - 28.806; Toyota - 18.063 e Hyundai - 15.712.
De
acordo com a Fenabrave (associação das distribuidoras), existe uma diferença de
41.539 automóveis entre a mais vendida (Fiat) e a 10ª marca deste ranking
(Peugeot) em agosto último. Embora neste caso ambas estejam sob o mesmo
“guarda-chuva”, o Grupo Stellatins, o brasileiro continua pé atrás com as
francesas.
SEGUROS – O mercado nacional de seguros de automóveis registrou alta na demanda nos últimos 12 meses. Na comparação entre julho deste ano com o mesmo mês de 2022, o crescimento atingiu 4,82%, consequência do programa de governo que estimulou as vendas de carros novos e durou até o início do mês. Na comparação mensal, o incremento da demanda ficou em 1,85%. Os dados são do Índice Neurotech de Demanda por Seguros (INDS), indicador que mede mensalmente o comportamento e o volume das consultas na plataforma da Neurotech, empresa de inteligência artificial aplicada a seguros e crédito.
Na
análise individual dos Estados acompanhados, o índice aponta performance
positiva na comparação com junho deste ano. O ranking de julho terminou assim:
Minas Gerais (+4,26%); Rio Grande do Sul (+2,86%); Paraná (+2%); São Paulo
(+0,9%). Já na ponta negativa aparece o Rio de Janeiro (-0,89%).
Em
relação ao ranking 12 meses, o destaque fica com o Rio Grande do Sul, com alta
de 6,93%, seguido do Paraná (+4,08%), Rio de Janeiro (+3,74%), São Paulo
(+3,70%) e Minas Gerais (+3,16%). Segundo Daniel Gusson, head comercial de
Seguros da Neurotech, o crescimento foi impulsionado pelas vendas de carros
novos com o programa de estímulo do governo, encerrado no dia 07 de julho.
Nelson Tucci é editor de Veículos & Negócios, do Jornal PERSPECTIVA.
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