Nelson Tucci
Se a proposta do Ministério dos Transportes de retirar a
obrigatoriedade de aulas em autoescolas para obter a CNH vingar, vai existir
quebradeira de autoescolas e desmonte de uma rede estruturada, acusa a
Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores
(Feneauto), disponibilizando dados do setor.
Ygor Valença, presidente da entidade, alerta para os riscos
de desmonte de uma rede estruturada ao longo de quase três décadas, “que hoje
garante segurança viária, empregos formais, arrecadação de tributos e recursos
para políticas sociais e habitacionais em todo o território nacional”.
O setor de formação de condutores no Brasil conta hoje com
15.757 CFCs em operação, que empregam direta e indiretamente 300 mil pessoas e
movimentam uma massa salarial de R$ 429 milhões por mês, o equivalente a R$ 5,1
bilhões por ano, aponta a Feneauto.
“Daí porque o fim dos CFCs traria consequências irreversíveis
à economia, à segurança viária e à sociedade. Manter a formação estruturada nas
autoescolas é salvar vidas, preservar empregos, garantir arrecadação tributária
e garantir a manutenção do tráfego brasileiro de forma sustentável”, enfatiza
Valença.
IMPACTOS – A Feneauto projeta, ainda, uma perda imediata de
R$14 bilhões por ano do faturamento do setor, e declinação de R$1,92 bilhão de
arrecadação tributária, ressaltando que a legislação impõe como exigência de
credenciamento dos CFCs a regularidade fiscal e tributária, ou seja, o completo
adimplemento do pagamento de impostos. “O efeito dominó se alastraria,
sobretudo, nos municípios médios e pequenos, os quais experimentariam queda do
consumo local e encolhimento de arrecadação de ICMS e ISS. O custo social,
relativo à subida de sinistros de trânsito, pode, por sua vez, encarecer ainda
mais o dano, pois os acidentes correspondem a cerca de 3% do PIB nacional”,
completa o presidente da entidade.
MÃO DE OBRA – A falta de mão de obra
qualificada é hoje o maior desafio das oficinas mecânicas brasileiras, segundo
33% dos profissionais ouvidos em pesquisa nacional conduzida pelo núcleo de
inteligência de mercado da Oficina Brasil. Focada em informação estratégica, a
empresa monitora o mercado de reposição automotiva. O estudo, que mapeia
hábitos, características e tendências do setor, também revela um aftermarket
em plena transformação, marcado pela digitalização crescente e pelo
surgimento de um novo perfil profissional.
O setor movimenta R$ 60,2 bilhões ao ano apenas em peças
técnicas e lubrificantes, com mais de 74,6 mil oficinas ativas e cerca de 300
mil profissionais espalhados pelo país. Apesar desse tamanho, a pesquisa
demonstra que a baixa retenção e capacitação técnica impactam diretamente a
operação das empresas, especialmente, diante do avanço da eletrificação e de
novas tecnologias.
“A profissão do reparador está passando por um momento
decisivo. Ao mesmo tempo em que vemos um profissional mais digital, mais
qualificado e atento à gestão do negócio, ainda enfrentamos a dificuldade de
formar e reter talentos. A qualificação contínua é fundamental para que esse
novo perfil acompanhe a velocidade das transformações tecnológicas do setor”,
afirma André Simões, diretor executivo da Oficina Brasil.
DADOS – Segundo o levantamento da Oficina, esses desafios se refletem nas principais “dores” do dia a dia das oficinas, que apontam:
. Escassez de mão de obra qualificada – 33%
. Atendimento à expectativa do cliente – 8,3%
. Tempo de entrega de peças – 7,4%
. Atrair novos clientes – 7,1%
. Falta de peças – 6%
. Preço das peças – 5,4%
. Dificuldade em atender à demanda – 5,1%
. Qualidade das peças – 4%
. Desafios de relacionamento com o cliente – 3,7%
O perfil atual do reparador brasileiro revela um profissional
que, em grande parte, é também um empreendedor: 68% ocupam cargos de
proprietário ou chefe de oficina. A idade média é de 42 anos, 74,8% são casados
e 58,8% têm um a dois filhos. O nível de escolaridade ainda é limitado, com 72%
tendo apenas o ensino médio e 18% com ensino superior completo.
A participação feminina no setor cresceu 230% desde 2019,
passando de 5% para 16,5%. Entre os reparadores com até 24 anos, 43% são
mulheres. Na faixa até 29 anos, o índice é de 37%. Além disso, 68% das
profissionais já ocupam posições de liderança ou gestão.
TESTE – Londrina/PR deu início a testes com
um veículo elétrico no transporte coletivo, visando conectar pontos centrais da
cidade a locais estratégicos, como rodoviária, aeroporto e shopping centers,
com foco especial no atendimento ao turista.
O ônibus, com capacidade para até 80 passageiros, possui
autonomia de mais de 270 quilômetros e integra os estudos voltados à
descarbonização e à mobilidade sustentável no município. A iniciativa é
conduzida pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), que
testará o modelo Azure A13BR, da fabricante TEVX Higer.
Os testes contarão com a participação direta das duas
concessionárias que operam o transporte coletivo na cidade: Transportes
Coletivos Grande Londrina e Londrisul. Durante 20 dias, o veículo circulará em
seis linhas de diferentes regiões, das 6 às 19h30. Para facilitar a
identificação pelos usuários, o ônibus foi envelopado com design específico.
PADRÃO – A Rodobens deu início à operação da nova concessionária Mercedes-Benz em São José do Rio Preto/SP, a primeira do Brasil construída integralmente dentro dos padrões exigidos pela matriz da marca, na Alemanha.
Com investimento de R$ 8,4 milhões, a unidade é a única do
país a reunir todos os elementos de design, tecnologia e atendimento
estabelecidos pela montadora europeia.
Nelson Tucci é editor de Veículos & Negócios, do Jornal PERSPECTIVA.
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site www.jornalperspectiva.com.br
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