Nelson Tucci
O que sempre pareceu improvável, em qualquer relação de consumo, aconteceu: o veículo usado custa mais caro que o novo. A Mobiauto – startup do segmento automotivo que cresceu em 2020, com 5 milhões de acessos/mês – realizou pesquisa em sua base de dados na semana passada para verificar o comportamento de preços das unidades seminovas 2021 dos modelos (e suas versões) mais vendidos do Brasil. De uma lista dos veículos 0Km mais comercializados no primeiro bimestre do ano, o departamento de estatísticas da Mobiauto apurou que alguns desses modelos e versões já estão mais caros que as respectivas versões 0Km, com destaques para Fiat Strada, VW T-Cross e VW Nivus.
De
acordo com Sant Clair Castro Jr., CEO da Mobiauto, o mercado de automóveis no
país está tão sacudido pelas consequências da pandemia que não se fala mais em
“depreciação”, mas em “valorização” de alguns modelos: “Os cinco veículos mais
bem posicionados em nossa pesquisa não tiveram desvalorização; ao contrário,
todos eles estão custando mais caro que as versões 0Km, o que reflete, além da
altíssima procura, fila de espera das unidades novas”.
Versão 2021 (R$) 0Km (R$) (%)
Fiat Strada Freedom
CD 1.3 90.880 82.978 9,52
Fiat Strada Volcano
CD 1.3 94.993 91.454 3,87
VW T-Cross Highline
250 TSI 132.553
129.402 2,44
VW Nivus Comfort.
200
TSI 100.263
98.364 2,41
VW Nivus Highline 200 TSI 112.473
112.257 0,19
Baseado em um banco de dados de milhares de anúncios, os especialistas da Mobiauto traduzem, em números, uma situação atípica do mercado. Apesar de a recuperação nas vendas de modelos novos ter sido percebida, ela poderia se acentuar se alguns fabricantes tivessem previsto esse aumento significativo de demanda. “É natural. Quando falta carro 0Km para pronta-entrega, o seminovo valoriza-se rapidamente”, diz Castro Jr.
INSUMOS – O fato é que a pandemia provocou muitas mudanças e desafios para o setor automotivo neste último ano. A falta (global) de insumos para a produção de carro 0Km em decorrência das paralisações causadas pela situação sanitária, seguidas por uma explosão dos pedidos por parte de diferentes segmentos da indústria, tem afetado diretamente este mercado.
Hoje
os veículos novos competem com os fabricantes de videogames para a compra de
chips e com a construção civil para a aquisição do aço. Na comparação entre
fevereiro de 2021 e de 2020 houve queda de 16,7% nas vendas de carro zero. Já
em relação a janeiro, a retração foi de 2,2%, segundo dados com base no Renavam
(Registro Nacional de Veículos Automotores).
Para
Flávio Maia, diretor de marketing da Assovemg (Associação dos Revendedores de
Veículos Seminovos de Minas Gerais), o principal ponto a considerar no balanço
de mercado de fevereiro é a procura maior pelos automóveis seminovos, enquanto,
para os carros novos, a tendência é de forte queda: “O carro usado subiu e o
zero despencou. Está faltando produtos, as fábricas estão sendo obrigadas a
darem férias coletivas”, diz ele, acrescentando: “Sem carros novos para pronta
entrega, e com os preços altos, muitos consumidores migraram para o setor de
usados”.
UM MILHÃO – Em vias de completar seis anos de operação, o polo automotivo Jeep comemora a marca de 1 milhão de veículos produzidos em Pernambuco. A planta é responsável pela produção de três modelos: Jeep Renegade, Compass e a picape Fiat Toro. Agora o polo se prepara para lançar um modelo inédito da Jeep ainda esse ano.
O
marco de 1 milhão de veículos produzidos foi celebrado durante a primeira
visita do CEO mundial da Stellantis, Carlos Tavares, a Pernambuco, desde a
fusão que deu origem ao grupo.
Também
estiveram presentes o COO da Stellantis para América do Sul, Antonio Filosa, e
o diretor de manufatura para a América do Sul, Pierluigi Astorino. “Temos muito
orgulho do que estamos construindo no Polo Jeep. Esse marco é reflexo do
trabalho de excelência em manufatura do nosso time. O desafio agora é continuar
com a trilha de desenvolvimento de nossos talentos”, destaca Astorino. O polo
tem capacidade para produzir até 280 mil unidades por ano e, atualmente, opera
a plena capacidade, chegando à média de produção de mil carros por dia.
No
atual ciclo de investimentos estão sendo aplicados R$ 7,5 bilhões nas
atividades em Pernambuco até 2025. O montante é destinado principalmente à
inovação e desenvolvimento de novos produtos e para atração de novos
fornecedores para a cadeia automotiva.
AUTOPEÇAS – A Nakata, empresa produtora de autopeças, amplia linha de kits de transmissão – coroa, pinhão e corrente com retentor –, lançando kits para motocicletas das marcas Honda e Yamaha.
O
kit com código TM10185R é indicado para a Honda CG 160 Cargo e Titan, de 2016 a
2019; o TM10190R para NXR 160 BROS e XRE 190, de 2015 a 2019; o TM10120R para a
CG 150 Fan, Titan ES/KS/Mix, de 2004 a 2015; e o TM10140R para CBX 250 Twister,
de 2001 a 2008. Para a Yamaha há o lançamento de kit TM10255R para a motocicleta
Fazer 250, de 2005 a 2017.
Responsáveis
por transmitir o movimento da saída da transmissão até a roda traseira, a coroa
e o pinhão apresentam elevada resistência à corrosão. A coroa é produzida em
aço 1045 e ambos recebem tratamento térmico na área dos dentes para aumentar a
durabilidade. Já a corrente, que possui pinos com quatro pontos de rebitagem
para maior resistência e segurança, tem funcionamento preciso, placa de
espessura robusta e bucha e rolo com tratamento térmico.
GÊNERO – A Cummins anuncia que ultrapassou os US$ 20 milhões em doações a parceiros comunitários do Cummins Powers Women, programa que entra em seu quarto ano de atuação. Por meio de uma ampla gama de ações, desde mentoria e ensino para mulheres e meninas, capacitação financeira por meio do empreendedorismo, desenvolvimento de liderança e defesa em nível regional, o programa tem gerado impacto e resultados expressivos. Foram proporcionados direitos e oportunidades iguais para 98 mil mulheres e meninas em 18 países; financiados 99 subsídios de defesa, resultando em 14 mudanças na legislação e políticas de igualdade de gênero que impactaram positivamente na vida de 17,4 milhões de mulheres e meninas nas comunidades globais da empresa.
“O
ano passado foi incrivelmente desafiador em muitas frentes. Mulheres e
afrodescendentes estiveram entre os mais impactados. Muitas parceiras sem fins
lucrativos do Cummins Powers Women mudaram seu trabalho rapidamente para
atender às necessidades urgentes que surgiram com a pandemia, como o aumento da
violência doméstica e a necessidade de suprimentos de higiene pessoal, ao mesmo
tempo que adaptaram seus esforços de longo prazo para defender as meninas e
mulheres para as novas realidades apresentadas pela pandemia global”, disse
Mary Titsworth Chandler, vice-presidente de relações comunitárias e diretora
executiva da Cummins Foundation.
ELÉTRICOS – A fabricante de bebidas Ambev realizará uma grande operação de retrofit que prevê converter 102 caminhões com motores a diesel em modelos movidos a energia elétrica. O processo vai ser concretizado graças a uma parceria com a Enel X (divisão da distribuidora de energia que atua no setor de soluções de energia avançada) e a Eletra, fabricante nacional de ônibus elétricos, híbridos e trólebus.
Iniciada
no ano passado, a parceria projetou dois caminhões da Ambev que foram
convertidos e rodaram, em fase experimental, entre os centros de distribuição
da empresa na zona Sul da capital paulista. Por conta dos resultados positivos
foi tomada a decisão de expandir a experiência.
O
caminhão convertido, de acordo com os testes, emite apenas 0,05 kg de CO2 por
viagem – o que, na prática, representa emissão zero. O consumo médio é de 1 kWh
por quilômetro, o que, segundo a empresa, significa economia de custo superior
a 70% na comparação com o veículo similar com motor de combustão interna.
Redução da manutenção e viabilidade de entregas em determinados locais por
conta da ausência de ruído dos caminhões são outras vantagens dos modelos
convertidos.
KOMBI – Ícone da Volkswagen ao lado do Fusca e testemunha histórica da indústria automobilística mundial, a Kombi celebra, neste mês, 71 anos desde o início de sua produção em Wolfsburg, na Alemanha. Com seu desenho insólito, lembrando o formato de um pão de forma, e versatilidade, a Kombi conta com uma crescente legião de admiradores. E essa virtude fica mais evidente graças à audiência que o modelo possui na OLX, plataforma de compra e venda de automóveis do país.
De
acordo com levantamento feito pela empresa, referente a modelos com mais de 30
anos de fabricação, a Kombi é o 5º colocado nos rankings de procura e venda por
meio da plataforma em 2020, com 3,5% e 4% de participação neste segmento,
respectivamente. No ranking de anúncios, ocupa a 7ª posição, com 3% de
participação.
CAMINHÕES – Há exatos 40 anos deixaram a fábrica 4 de São Bernardo do Campo/SP, rumo à recém-criada rede de concessionários autorizados Volkswagen Caminhões, os primeiros modelos da marca desenvolvidos e fabricados no Brasil. O VW 11.130 e o VW 13.130, com cabine de tecnologia vinda da Europa, foram concebidos em apenas dois anos por um time brasileiro de engenheiros e técnicos, ganhando rapidamente as ruas e estradas do país.
Os
produtos traziam ao Brasil uma inovação para a época: a cabine avançada,
conhecida popularmente como “cara chata”, num mercado dominado por veículos
dotados de frente convencional, com o motor posicionado à frente do motorista.
A estreia da Volkswagen, enfrentando marcas já consagradas no país, também
representou um marco para a indústria de veículos comerciais. Na sequência, os
primeiros modelos leves, de seis toneladas, foram lançados já em 1982. A
Volkswagen Caminhões foi criada em fevereiro de 1981, e originou-se da filial
nacional da Chrysler, adquirida em julho de 1979 pelo Grupo Volkswagen.
Hoje
oferece 65 produtos, incluindo ônibus, e já produziu mais de 1 milhão deles.
Conquistou mercados no Brasil e mais 30 países da América Latina, África e
Oriente Médio.
TROCA – O competente Rogério Franco, há 25 anos gerenciando a comunicação corporativa da Fiat e da Citroën, é o novo gerente de Comunicação da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
VULNERÁVEIS – Em entrevista coletiva anual para apresentação de dados de 2020 e expectativas de mercado para 2021, a Ituran Brasil, empresa de monitoramento veicular, divulgou lista com os carros preferidos pelos ladrões no ano passado.
O
líder do ranking é o Voyage, com 2,6% do total de carros do modelo na base da
Ituran, seguido pelo Logan (2,5%) e pelo Siena (2,3%), completando o “pódio”.
Ônix, Prisma, Uno, Ka e Fiorino vêm na sequência, todos com 2% cada. A lista do
top10 se completa com Palio e HB20, com 1,9% cada.
O
levantamento considerou o total de cada modelo dentro da base da empresa. E o
percentual se refere ao número de ocorrências específicas. Ou seja: de cada 1
mil Voyages na base de clientes da Ituran, 26 foram roubados/furtados em 2020,
por exemplo.
Nelson Tucci é editor de Veículos & Negócios, do Jornal PERSPECTIVA.
Leia também no site www.jornalperspectiva.com.br
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