segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Protesto contra o ICMS

Divulgação        Salto de 207% nas negociações de automóveis usados!

Nelson Tucci

Desde a última sexta, 15, existe aumento do ICMS no estado de São Paulo. Para os automóveis, por exemplo, houve um salto de 207% na cobrança do tributo nas negociações de usados, com majoração da alíquota de 1,8% para 5,3%, e de 12% para 13,3% no caso de modelos zero km. Em abril a tributação cairá a 3,9% para os usados e se elevará a 14,5% para novos.

Entidades que reúnem fabricantes e distribuidores de veículos se uniram para protestar e pressionar o governo paulista contra o aumento do imposto. Em entrevista online, junto à imprensa especializada, dia 13 último, dirigentes das principais associações do setor alertaram que a medida irá inviabilizar os negócios de muitos concessionários e revendedores, provocando o fechamento de lojas, demissões e elevação da informalidade para driblar a elevação da carga tributária em São Paulo.

E para não ficar apenas no protesto, os presidentes das associações de revendedores independentes e concessionárias oficiais disseram que negociam a revogação do aumento do ICMS com o governo paulista, mas não descartam a judicialização do tema caso a majoração seja mantida.


IMPACTO – Segundo as entidades, “a representatividade de São Paulo é enorme para os negócios do setor”, uma vez que o estado representa 40% das vendas de veículos usados no país e 25% dos novos. Nas concessionárias, entre 40% e 50% das compras de novos são feitas com o carro usado vinculado como entrada. A elevação do ICMS sobre ambos reduzirá a avaliação do bem e aumentará o preço do novo, reduzindo o poder de compra dos clientes. Assim, o aumento de imposto pode ter alto impacto negativo em toda a cadeia de distribuição.

A Fenabrave, associação da rede de distribuição ligada aos fabricantes, diz que as 1,7 mil concessionárias no estado já demitiram 42 mil empregados no ano passado e agora os 71 mil funcionários remanescentes voltam a ficar ameaçados pelo aumento do ICMS. Já a Fenauto, que reúne os revendedores de usados, lembra que o segmento tem 12,5 mil lojas em São Paulo que empregam 300 mil trabalhadores. “Esse aumento de 207% simplesmente inviabiliza muitas empresas do setor e é possível que de 40 mil a 50 mil pessoas sejam demitidas. Também vai impactar nas oficinas que revisam e reparam os carros para que possamos dar garantia de 90 dias”, avisa Ilídio dos Santos, presidente da entidade.

Álvaro de Faria, presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de São Paulo (Sincodiv-SP), informou que a entidade já agendou reunião com advogados para avaliar possíveis ações judiciais contra o aumento do imposto, caso o governo paulista não recue. Fenabrave e Fenauto prometem fazer o mesmo. Assumpção Jr. lembrou que o setor de distribuição e fabricantes estão todos unido em torno do tema, incluindo a Anfavea, que não participou da entrevista mas já tinha criticado duramente a elevação do tributo na semana passada.


DECEPÇÃO – Os decretos sobre ICMS publicados na sexta-feira “são uma decepção para todos os contribuintes do estado”. Pressionado pela ameaça de protestos, o governador João Doria havia se comprometido publicamente a rever a alta generalizada de impostos. Chegou a dizer que não permitiria que a "população mais vulnerável" fosse penalizada com o aumento da carga tributária.

“Infelizmente, o que o governador Doria fala, não se escreve. Os três decretos publicados são um tímido recuo diante da ruinosa tragédia fiscal que o governo Doria quer colocar em prática”, diz, em nota, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

As operações de venda de insumos agrícolas, por exemplo, tiveram suspenso o aumento de alíquotas, mas apenas para vendas dentro do estado. Nas vendas das empresas paulistas para todas as outras 26 unidades da federação, a alta de impostos segue valendo – “o que gera problemas óbvios de competitividade”, prossegue a federação, concluindo: “Para algumas operações, como venda de carne bovina e eletrônicos, o aumento do tributo permanece, mas há uma previsão de redução do aumento para o dia 1º de abril, popularmente conhecido no Brasil como o dia da mentira. Piada pronta”. A Fiesp anunciou que lutará na Justiça para reverter os aumentos de tributos de todos os setores atingidos.


PÉSSIMAS – A Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) entende que o fechamento das fábricas da Ford no Brasil – largamente anunciada na semana que passou, pela imprensa nacional e internacional – “resulta da sequência de péssimas decisões tomadas nos últimos anos, entre elas o descaso com mudanças significativas no sistema tributário”. Com graves problemas de natureza fiscal no país, o sistema tributário diminui o apetite dos investidores estrangeiros. Segundo a Fenafisco, a agenda de medidas adotada neste governo para a retoma do crescimento se mostra ineficaz.

Com o fechamento das fábricas no Brasil, a Ford vai concentrar seus investimentos no México e na Argentina. “Outras companhias podem seguir o mesmo caminho e abandonar o país caso não haja uma reforma tributária efetiva, indo além da simples unificação de tributos e focando na redução de desigualdades e na implementação da capacidade contributiva no recolhimento de impostos. Em breve, diversos estados podem ter que arcar com quedas na arrecadação de impostos causados pelo desinvestimento de indústrias e empresas”, acentua a entidade, em nota.


MP – Para acompanhar os impactos socioeconômicos e concorrenciais do fechamento de fábricas de automóveis no país, a Câmara de Consumidor e Ordem Econômica do Ministério Público Federal (3CCR/MPF) instaurou procedimento administrativo. A medida foi tomada após a Ford anunciar o fechamento de fábricas no Brasil, encerrando a produção de veículos.

O subprocurador-geral da República Luiz Augusto Santos acredita que o fim das atividades de fabricação de veículos no país “pode gerar prejuízos ao setor industrial, com impactos capazes de provocar a redução dos níveis de renda e emprego nacionais, afetando negativamente a economia”. O procedimento administrativo tem objetivo de coletar, sistematizar e tratar os dados ou informações técnico-jurídicas voltadas a subsidiar eventuais medidas no âmbito do MPF.


DIGITAL – Implantado na primeira semana do ano pelo Detran.SP, o CRLV-e (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos) já foi baixado por 1.137.914 proprietários de veículos no estado de São Paulo. Os dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) são referentes ao período de 04 a 13 de janeiro deste ano.

O CRLV-e pode ser utilizado de forma eletrônica ou impresso em papel A4 comum, e reúne em um único documento dados de propriedade e do licenciamento do veículo. A novidade traz mais agilidade ao processo, não sendo mais necessário que o proprietário aguarde a impressão e a entrega do documento físico pelos Correios.

Assim, dados sobre a propriedade e sobre o licenciamento do veículo ficarão reunidos no CRLV-e. A mudança foi definida na Resolução 809/2020, do Contran. Em caso de fiscalização de trânsito, o motorista poderá apresentar o CRLV-e na versão digital, via aplicativo, ou, se preferir, poderá imprimir o documento em papel A4. Não há a obrigatoriedade do porte da versão impressa.


FUSÃO – Em comemoração ao dia do IPO (abertura de capital na Bolsa) da Stellantis – empresa formada a partir da fusão da FCA e do Groupe PSA –, John Elkann, presidente, e Carlos Tavares, CEO da Stellantis, tocarão o tradicional sino de abertura das três Bolsas de Valores onde as ações do novo grupo serão listadas.

As ações da Stellantis devem começar a ser negociadas na Euronext de Paris e na Borsa Italiana de Milão nesta segunda-feira, 18, bem como na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) na terça, 19. A NYSE estará fechada na segunda-feira, 18 de janeiro, em comemoração ao feriado de Martin Luther King Jr.


Divulgação                  Oliveira: “Foi um ano extremamente difícil”

QUEDA – As 15 marcas filiadas à Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), com licenciamento de 59.067 unidades – das quais 27.421 importadas e 31.646 veículos de produção nacional –, anotaram em 2020 queda de 12,7% ante igual período de 2019, quando foram comercializadas 67.686 unidades.

De forma separada, a importação das 27.421 unidades vendidas significaram redução de 20,7% ante as 34.596 unidades do acumulado de 2019; enquanto na produção nacional – com 31.646 unidades – a queda foi de apenas 4,4% ante as 33.090 unidades de 2019. Pela primeira vez, a produção nacional das associadas à Abeifa superou a totalização de veículos importados, que tiveram impacto negativo e direto da taxa cambial, cuja cotação do dólar partiu de, na média mensal, R$ 4,15 em janeiro para R$ 5,14 em dezembro de 2020, registrando alta de 23,8%.

“Foi um ano extremamente difícil para o setor automobilístico brasileiro, que vislumbrava a retomada no início de 2020. Mas, como em todas as demais atividades econômicas, o impacto da pandemia de Covid-19 a partir da segunda quinzena de março foi devastador. Aliado a essa nova realidade, o nosso setor ainda sentiu as consequências nefastas da desvalorização cambial. De todo modo, os emplacamentos de nossas associadas – queda de 12,7% – foram menos impactados do que o total do mercado interno, cuja redução foi de 26,6%”, analisa João Henrique Oliveira, presidente da Abeifa.


Divulgação                       BMW licencia mais de 13.700 veículos

ELÉTRICOS – No ano em que completou 25 anos de presença no Brasil, o BMW Group manteve a dianteira nas vendas de automóveis e motocicletas premium. Os emplacamentos de automóveis eletrificados BMW, BMWi e Mini, com propulsão híbrida ou elétrica, cresceu acima de 300% em 2020 quando comparada com o ano anterior. A liderança no segmento foi igual em motocicletas, com recorde histórico em vendas no país.

"Em um ano desafiador como 2020, continuamos líderes no mercado premium de automóveis e motocicletas por nosso protagonismo digital, por lançarmos e desenvolvermos novas tecnologias e pelo empenho de nossa equipe, rede de concessionários e confiança dos clientes", destaca Aksel Krieger, CEO e presidente do BMW Group Brasil: "Fechamos 2020 com um em cada três automóveis premium vendidos no Brasil sendo BMW e registramos recordes históricos na venda de modelos eletrificados e também na BMW Motorrad".

Nesse ano a marca licenciou 12.437 automóveis, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). São destaque os modelos Série 3 e X1, responsáveis por aproximadamente 70% das vendas no país. A Mini registrou 1.275 emplacamentos. O BMW Group Brasil finalizou o ano de 2020 com 13.712 unidades emplacadas nacionalmente.


Divulgação          Recuo de 12,9% nas vendas de todos os segmentos

PNEUS – As vendas totais da indústria brasileira de pneus fecharam o ano de 2020 com baixa 12,9% em comparação com o ano anterior. O recuo no acumulado do ano foi observado nas vendas de todos os segmentos: pneus de passeio (-19,2%), comerciais leves (-13%), carga (-1,8%) e moto (-1,2%).

Mesmo apresentando sucessivos meses de boas vendas, incluindo um mês de dezembro 9,5% maior em 2020 do que foi em 2019, o setor não conseguiu reverter as perdas dos meses de grande baixa.

“Em um ano totalmente único, com suspensão de produção por um período determinado e de amplas medidas de prevenção em relação a Covid-19 que ainda permanecem, a indústria de pneumáticos no Brasil respondeu prontamente as necessidades de todos os mercados, inclusive com crescimento no fornecimento do equipamento original”, analisa Klaus Curt Müller, presidente executivo da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP).

Fundada em 1960, a ANIP representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, que compreende 12 empresas e 20 fábricas instaladas no Brasil.


Divulgação                    Parceria com Angola rende bons negócios

EXPORTAÇÃO – A Asperbras Veículos encerrou 2020 com a conclusão de mais uma etapa do Projeto de Transporte Urbano Regular de Passageiros, realizado em parceria com o governo angolano. A empresa despachou, em dezembro último, 157 novos ônibus que integrarão as frotas nas diversas províncias de Angola.

A iniciativa completa um ano de operações e tem como objetivo oferecer transporte de qualidade às comunidades do país lusófono. Os novos ônibus saem equipados com barreiras de proteção BioSafe para motorista e cobrador, instaladas para auxiliar no combate à pandemia da Covid-19.

“O ano de 2020 foi desafiador em vários sentidos. Por isso, a entrega dos ônibus em Angola é motivo de orgulho para toda a equipe envolvida”, afirma Geraldo Kulaif, diretor da Asperbras Veículos. Além do fornecimento dos veículos, a companhia vem coordenando o mapeamento e definição das principais rotas operacionais e a seleção de paradas, garantindo acesso aos principais centros comerciais, administrativos e residenciais nas cidades. O trabalho é realizado em parceria com o governo de Angola e especialistas em tecnologia e mobilidade.


Divulgação   Motocicletas em recall: substituir tensor da corrente de comando

RECALL – A Kawasaki Motores do Brasil convoca os proprietários das motocicletas Ninja 400 e Z400, modelo 2020 fabricadas em outubro de 2019, com números de chassi abaixo, a agendar uma visita a uma das concessionárias autorizadas Kawasaki para substituição do tensor da corrente de comando.

. Z400, 96PERSD1*LFS01781 até 96PERSD1*LFS01980

. Ninja 400, 96PEXSG1*LFS01721 até 96PEXSG1*LFS01800

Nas unidades afetadas, devido ao tratamento térmico do tensor da corrente de comando, pode ocorrer desgaste anormal no tensor, o que acarretará uma folga excessiva na corrente causando a falta de sincronia do motor levando o mesmo a apagar. Caso isso aconteça, existe uma remota possibilidade de acidentes com possíveis lesões corporais ou fatais.

Os agendamentos estão disponíveis desde o dia 15 e o tempo estimado para a realização do reparo gratuito é de aproximadamente 90 minutos. Para mais informações, ligue 0800.773.1210, das 9 às 17 horas.


AMÉRICA – A Dana anuncia a contratação de Marcelo Rosa para o cargo de gerente sênior de vendas ao mercado de reposição para a América do Sul. O executivo, que já tinha passagem pela empresa, retorna à Dana para dar andamento a um novo ciclo de crescimento e inovação no Aftermarket.


Divulgação   Augusto: “Mudança e o avanço tecnológico são inevitáveis”

 

ARTIGO

Cybersegurança e repaginação

Por Augusto Schmoisman (*)

O encerramento da produção da Ford no país é um alerta para muitas empresas quanto à necessidade da adaptação e investimento nas mudanças tecnológicas, assunto que não é abordado com a importância que deveria no mundo corporativo. Em seu comunicado oficial, a própria montadora afirmou que o motivo desta reestruturação é o processo de mudança que a indústria automotiva tem vivido, impulsionado por novas e emergentes tecnologias em serviços conectados, eletrificação e veículos autônomos. Ou seja, de acordo com o novo cenário, está se repaginando.

Esse movimento estratégico rumo à transformação digital tem causado agitação no setor. Esta semana, a GM anunciou que investirá R$ 10 bilhões em inovação para a fabricação de veículos no Brasil, com wi-fi e assistente virtual, além de apresentar um projeto de um carro voador com o táxi aéreo autônomo. A Hyundai elevou a cotação de suas ações em quase 20% após anunciar que está em negociação com empresas para a produção de um modelo elétrico.

Enquanto isso, empresas líderes do mundo tecnológico, como Apple, Google e Amazon, são apenas alguns exemplos de companhias de tecnologia que também estão entrando no segmento automotivo. Todas enfrentarão ainda o potencial da Tesla Motors, que tem mostrado superioridade tecnológica no segmento de carros elétricos. O tempo dirá se o avanço das montadoras será suficiente para brigar com essas gigantes da tecnologia.

É interessante destacar que ao mesmo tempo em que Ford e Mercedes estão se organizando para dar um passo atrás em algumas operações, Elon Musk com sua companhia de carros tecnológicos se posiciona como o homem mais rico do mundo, com um modelo de negócios sob uma ótica diferente.

Essa situação é apenas "a ponta de um iceberg" que deverá impactar diversos tipos de negócio e que revela o quanto o futuro das empresas está em risco, caso não busquem se estruturar para acompanhar o avanço de novas tecnologias e acreditar na autonomia. A competição pela liderança tecnológica se tornará uma ameaça não somente no setor automotivo, mas em toda cadeia empresarial. Grandes empresas, sejam elas nacionais ou internacionais, que estejam num cenário estagnado com uma falta crônica de recursos destinados ao desenvolvimento tecnológico, estão fadadas a perder lugar para a concorrência. A mudança referente à inovação contínua precisa ser levada a sério e colocada em prática, pois definirá as vencedoras.

Entendemos que os desafios são grandes, tornando necessário que líderes criem modelos de negócios diferentes e mais ágeis, além de planos estratégicos. E nessa busca por inovação e revolução tecnológica, a cybersegurança não pode ser esquecida, subestimar ataques cibernéticos é um grande erro. É importante compreender que não existe segurança 100% eficaz, sempre surgirão novos métodos e é preciso estar em alerta neste terreno tão dinâmico. E lembrar que se há diretores de empresas que não estão enxergando e dando a devida importância ao cuidado com a informação, há outros processando, analisando e estudando. E esses, provavelmente líderes de companhias digitais, podem ser grandes concorrentes de negócios nos mais diversos segmentos, inclusive no automotivo.

A mudança e o avanço tecnológico são inevitáveis, crescer é opcional.

(*) Augusto Schmoisman é especialista em defesa cibernética corporativa, militar, aeroespacial e CEO da Citadel Brasil.


Nelson Tucci é editor de Veículos & Negócios, do Jornal PERSPECTIVA.

Leia também no site www.jornalperspectiva.com.br

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